domingo, 20 de novembro de 2011

ensinar

quando vejo meu professor sendo professor, é como se houvessem várias habilidades sobrepostas, aprendidas e também inatas. há talento. ele é incrível.

o que me atrai tanto na arte de ensinar? uhm.

saber, por si só, já é algo complicadíssimo. ensinar, então...

saber implica adquirir conhecimento, assimilar, ter a maturidade de mover-se para aprender mais sobre as técnicas e a vida. não é só absorver informação, simplesmente. o 'saber' precisa de atualização sempre, um processo contínuo. quanto mais sabemos, mais o novo consegue interagir aqui dentro.

ensinar é coisa igualmente complexa. portanto vai além do repasse de informação. arrisco dizer que é liderar.

'liderar é comunicar o valor e o potencial das pessoas de forma tão clara que elas passem a reconhecê-los nelas mesmas. as pessoas precisam sentir que têm um valor intrínseco, totalmente distinto de uma comparação com outras pessoas e que elas merecem amor incondicional, independentemente de comportamento ou desempenho' (stephen covey)

ando pensando muito no adam... aqui no ipiranga tem uma creche, eu já falei com eles e, não que eu esteja com o ego inflado, eu acho que tenho condições de todo tipo para fazer alguma coisa. lidar com crianças, dessa vez, vai ser algo muito mais rico do que naquela época.

em dez anos a gente muda tanto.

ouvindo: when you wish upon a star - barbara hendricks (veio a calhar heing?)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

paciência

deixa eu ficar sozinha. 'você sabe onde me achar né??' ela disse, toda preocupada.

acabei de ter um dèjavú do outro lado da moeda. que sensação estranha. 'você gosta mesmo de mim, não?' eu disse.

eu dou uma patada e ela continua aqui sendo gentil. o que é isso afinal? que sensação estranha.

até quando ela terá paciência de me fazer bem?

ouvindo: passeando - marcelo camelo

homens bons

'fiquei com inveja do adam', eu disse.

senti que fui olhada com uma leve cara de cu naquele momento. é que adam nem existe, é um personagem que perdeu tudo, foi julgado, cumpriu pena aberta e teve que trabalhar servindo comida para moradores de rua, conforme declarou o juiz. inveja disso?

penso sobre os perrengues da classe média. tudo resolvível. temos base, tivemos estudo, temos algum dinheiro. temos condições de fazer mais dinheiro. temos o conhecimento, temos os contatos, de certa forma, temos o poder. só não temos muita iniciativa, fale a verdade... eu, pelo menos, nunca tive.

'tudo o que é necessário para que o mal triunfe é que os homens bons não façam nada'. (edmund burke)

essa frase não saiu mais da minha cabeça, desde o começo do outro livro. acho que já está na hora de eu agradecer à minha boa condição e fazer algo. de forma prática, me vêm à cabeça dois grupos que adoro e que conseguem ser bem impotentes dependendo das circunstâncias: cachorros e crianças.

eu não preciso de julgamento de juiz nenhum para começar um trabalho desses. inicia então a busca ao trabalho voluntário ideal. burocracias. responsabilidade e compromisso. eu vou encontrar algo.

simbora, homens bons.

ouvindo: amsterdam - coldplay

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

todo filho

acho que fico mais bonita quando estou em paz. a iniciativa de buscar ser melhor está me fazendo bem. eu jogaria todos 'aqueles' livros e ficaria apenas com stephen covey. e eugênio mussak vai.

a delicadeza com que stephen fala sobre princípios, paixão, visão, disciplina, ele poderia ser meu pai. pensando bem, os pais nunca falariam sobre isso tão assim, verbalmente. não os meus.

invejo e almejo a sabedoria desse pessoal que tem entre cinquenta e cem anos. eu disse sabedoria, não disse conhecimento. começo a orgulhar-me de mim mesma. mas por enquanto eu sou a filha. aquela, cheia de arestas, como toda filha. como todo filho. cheia de birras, dias ruins e percepções errôneas de mim mesma e dos outros.

não há mais razão para ter vergonha disso. eu te aceito exatamente do jeito que você é.

eu digo pra mim mesma.

ouvindo: santa chuva - marcelo camelo

terça-feira, 15 de novembro de 2011

propósito

não é o cansaço que me dificulta levantar de manhã. é a ausência de um propósito. uma paixão. eu disse paixão, não homem.

é inútil procurar justificativas. a cultura, a moleza na criação, os genes, as pessoas que convivi, as pessoas que deixei de conviver, nada disso define quem eu sou, nem quem eu serei. me responsabilizo totalmente, a partir deste momento.

sem choros. sem reclamações.

eu cheguei no fundo do poço da minha situação ridícula e não-admirável. chega.

está na hora de arrumar a casa direito. sozinha. concentrar meus esforços e cumprir o que me dispus a fazer, até o fim. andar ao léu e grudar em um homem e seu gps não soa adequado. não mais.

tenho meu próprio gps nas mãos. destino. o endereço tem que ser objetivo. a longo prazo. ok, vamos lá.

ouvindo: estranged - guns'n roses

sábado, 12 de novembro de 2011

saia daqui

acabei de ler um livro sobre arrogância e humildade, e acho que não consegui aprender nada com isso. eu assimilei, mas não absorvi nada. tudo bem, é que nem a comida que foi dissolvida no estômago mas que ainda não passou pelo intestino.

faz parte da arrogância saber argumentar. aprendi a ser boa em respostas. o que é uma resposta boa? é aquela que deixa a outra pessoa sem resposta. é o cheque do xadrez. agora, pensando bem, é totalmente imbecil ser boa em 'respostas boas'.

ainda mais quando faço uma leve cara de 'batalha ganha'. é, eu desconfiava que eu era uma bosta de monstro, agora eu tenho certeza que sou mesmo. o meu palpite é que, fica assim quem teve a vida muito dura ou muito mole. a minha foi muito mole, com certeza.

mas não sou tão horrível assim. quando eu me isolo, muitas vezes não é para me proteger. é para te proteger, seja você quem for. é para te dar a oportunidade de arranjar uma companhia mais agradável, menos ríspida, mais compreensiva. para que você possa ir lá, degustar o doce. e não o amargo e o azedo em que me encontro.

portanto, saia daqui e saia logo.

ouvindo: the scientist - coldplay

atenção específica

eu gostaria de não precisar da atenção de ninguém, ou, de ninguém tão específico. continuaria a sair com uma pessoa diferente a cada semana e com as mesmas amigas de sempre. será que eu fazia isso justamente para evitar essa porra de desesperozinho que estou sentindo agora? será que eu era mais esperta antes?

é notavelmente ridículo o estado em que se encontra uma pessoa quando precisa dessa atenção específica. eu sei porque ocasionalmente vejo o outro lado da moeda. é deplorável. é como assistir de camarote, bem alto, outro ser humano num palco fazendo malabaris com aquela aflição latente de que nenhuma bola pode cair. nunca.

me incomoda muito estar ridícula a este ponto. hoje é sábado de feriado, eu poderia estar trabalhando se quisesse, trabalhando bastante... já que eu não tenho nada pra fazer. mas a única coisa que consigo é sentar nessa cadeira de rodinhas, ler o meu livro e tomar meu café. e ficar olhando pra essa merda de tela, como um cachorro que olha através do portão.

outro livro que está acabando. dessa vez escolhi o próximo na estante. não é um que eu quero ler. é um que eu preciso. ainda bem que é outro romance, não a impertinente auto-ajuda.

ouvindo: amsterdam - coldplay

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

corrosivo remorso

ser gentil e prestativa nunca me incomodou a este ponto. passou a incomodar. diminuí a minha prestatividade e agora sinto um remorso tão grande que o incômodo está maior ainda. estar nesse mato sem cachorro acarreta enjôo e preocupação, por isso eu tomo tanto café e o café me dá enjôo. e vice versa.

puta merda. estou no meu limite.

a minha valvulinha de escape consiste em café, livros e conversas textuais com a única pessoa que ainda me encanta, de alguma forma. e que nem sempre tem essa disponibilidade para tamanha idiotice e imaturidade, é o que eu acho. café tudo bem. livros, comprei cinco esta semana e tudo bem. depender da atenção de alguém já é algo que me angustia bastante.

hoje deixei quatro amigos falando sozinhos. não dei a atenção que deveria aos meus pacientes e suas queixas, não ofereci ajuda à minha vó. fui almoçar sozinha. neguei dar uma volta com os cães. etc.

pensei na possibilidade de retomar a minha prestatividade original e ao menos cessar o corrosivo remorso. percebi que não consigo fazer isso.

ouvindo: a rush of blood to the head - coldplay

terça-feira, 1 de novembro de 2011

condicionamento

vamos aprendendo um monte de habilidades e, de repente, estamos completamente condicionados. depois de anos seguindo a religião de susan rabin, hoje consigo conversar com qualquer pessoa em qualquer lugar. consigo jantar mesmo tendo comido um puta lanche. consigo várias façanhas.

eu consigo fazer um monte de coisas que não me agradam sem entender direito como e por quê. sem conseguir identificar o que do quê.

estou tão cheia de camadas que fica difícil. o que me transformei é algo tão dependente de aspectos externos que a minha cortesia faz com que a rua que cruza sempre seja preferencial. algumas gentilezas simplesmente não combinam mais comigo.

rever crenças é um processo fodido.

identificar o que eu realmente quero não é tão simples e eu não me envergonho disso. mudar de idéia. eliminar esse condicionamento. tirar as camadas e encontrar o que está lá dentro. enfim.

o processo é trabalhoso mas vale a pena.

ouvindo: creep - radiohead