sábado, 27 de abril de 2013

warm and gentle

"you were once my one companion, you were all that mattered
you were once a friend and father, when my world was shattered

wishing you were somehow here again, wishing you were somehow near
sometimes it seemed if i just dreamed, somehow you would be here
wishing i could hear your voice again, knowing that i never would
dreaming of you won't help me to do all that you dreamed i could

passing bells and sculpted angels, cold and monumental
seem, for you, the wrong companions, you were warm and gentle

too many years fighting back tears, why can't the past just die?

wishing you were somehow here again, knowing we must say goodbye
try to forgive, teach me to live, give me the strength to try

no more memories, no more silent tears
no more gazing across the wasted years
help me say goodbye"

essa é uma das músicas mais bonitas entre todas as músicas que existem. porque está num contexto. um contexto bonito, apaixonante, triste e complexo. christine está sozinha, pensando em tudo aquilo e conversando com ela mesma. e durante toda a ópera é exatamente nesse momento, nessa música, que fica claro que ela gostava sim, do fantasma.

traduzindo por mim mesma...

você uma vez foi a minha companhia, você era tudo o que importava. você uma vez foi um amigo e pai, quando meu mundo estava destruído. gostaria que, de alguma forma você estivesse aqui novamente... gostaria que, de alguma forma, você estivesse perto. às vezes parece que, se eu só sonhei, de alguma forma você estaria aqui ainda. gostaria de ouvir sua voz novamente, sabendo que isso nunca aconteceria. pensar em você não vai me ajudar em tudo aquilo que sonhei em fazer. sinos e anjos esculpidos são tão frios e monumentais, parecem a companhia errada pra você, você era acolhedor e gentil. tantos anos evitando as lágrimas, por que o passado não pode simplesmente morrer? gostaria que você estivesse aqui, de alguma forma, mesmo sabendo que devemos dizer adeus. tente perdoar, me ensine a viver, me dê forças para tentar. sem mais memórias, sem mais lágrimas silenciosas. sem mais rever os anos perdidos. me ajude a dizer adeus.

ouvindo: wishing you were somehow here again - the phantom of the opera

sexta-feira, 19 de abril de 2013

erva daninha

carrie tinha uma tatuagem de erva daninha disfarçada de tribal. quer dizer, virava erva daninha só no pico da sua fúria extrema, a planta crescia e percorria todo seu corpo. era uma fleuma intensa e vigorosa alimentada pelo coraçãozinho. é, o coraçãozinho da tatuagem tribal. tatuado na superfície da pele e no âmago da alma. sei bem como cresce uma erva daninha. é do mesmo tipo que cresce no hulk. impregna tanto o rapaz hulk que ele fica da cor da planta. e com a força de oitenta tratores.

é algo incontrolável e forte. e poderoso. não tem como não se encantar com tudo isso, ainda mais quem gosta do intenso. mas talvez nem seja questão de encantar ou não. é apenas algo irritavelmente incontrolável que afeta os fleumáticos e pronto.

a gente fica puto. tudo fica parcialmente desfocado e queremos queimar tudo num raio de dois quilômetros.

só mesmo um jardineiro gentil e amoroso para aproximar-se de uma erva daninha queimante. pessoas-erva-daninha precisam de jardineiros amáveis. por outro lado, jardineiros amáveis precisam de ervas daninhas. simbiose.

é a simbiose curando o parasitismo. e assim estabelecemos o equilíbrio.

ouvindo: one simple idea - inception (hans zimmer)

quinta-feira, 18 de abril de 2013

manteiga

e então ela ouviu algo que parecia manteiga para o seu pão. deslizava e tinha um gosto bom. a primeira impressão não é necessariamente a que fica, mas neste caso ficou sim. no meio do expediente as coisas precisam ser feitas com certa agilidade, ainda assim há a possibilidade de fazer uma pausa instantânea e quase imperceptível de uns vinte segundos, para contemplar aquela coisa suave que escorria para dentro dos seus ouvidos. era schubert. tinha sido paixão à primeira escuta. ágil como era, no seu retorno pra casa consultou em privacidade um expert em assuntos relacionados à todas essas coisas, o doutor google. alegre e radiante, encomendou ao bit torrent um bom pedaço daquela manteiga, mais precisamente nove giga de schubert, entregue aos poucos através do bit torrent. ela não via a hora de apreciar algo tão gostoso.

ouvindo: impromptu - schubert

quarta-feira, 10 de abril de 2013

escolha

por que eu lembro tão bem daquele dia? quando eu disse a ele que queria ser admirada. e ele disse algo como "você é legal, sabe pôr agulhas e ajuda as pessoas". só isso. claro, um cara assim merece encontrar uma moça mais admirável do que isso. com outros atributos e outros valores. não eu. seria um desperdício de mim. eu acho que ele admirava mulheres cujo corpo, quanto mais tatuagem melhor.

e então eu fui pra um lado e ele foi pro outro. fui buscar admiração em outro lugar, fui ficar na minha, na verdade. esperar o acaso fazer a sua parte. e aí me deparo com um empecilho até então desconhecido. a admiração.

não acho que seja praga daquele... daque... enfim. eu quis admiração e não perguntei o preço disso. não sai barato. eu não esperava pagar esse tipo de coisa com o coração. com esse tipo de dor, dor no coração.

eu não me preocupo quando sou a pessoa que saio machucada, sempre fico bem no fim das contas. ah eu gosto do trágico e admito que quando o trágico me aparece bem de perto... isso também tem um gosto bom. mas quando eu preciso causar dor e tragédia a outra pessoa... e quando isso é inevitável... eu não consigo dormir.

inevitável. "se tiver que fazer mal, deixe que eu fico com essa parte". mas dessa vez não dá pra engolir o golpe pra mim. isso dá um certo desespero. mas a gente tem que andar pra frente.

qualquer escolha tem o lado negativo impregnado.

eu sei. eu pago por isso também.

ouvindo: place de la republique - coeur de pirate