domingo, 17 de fevereiro de 2013

em silêncio

ele pode bater na sua cara, socar suas costelas, chutar seu joelho, torcer o seu braço, dar uma gravata em você. e ainda se justificar ao fazer tudo isso. a lábia dele pode te convencer de que você esteve errada, malvada, que o seu comportamento foi péssimo e que você precisou de um corretivo.

você pode ter ficado chateada por não ter respondido à altura desde a primeira vez que ele te testou (sim, ele te testou, naturalmente). é incômoda a sensação de ter deixado tudo chegar a esse ponto. mas, veja bem, você hoje enxerga a situação.

em silêncio você foi se preparando, foi se atentando a cada detalhe, estudando cada movimento, aprendendo novas técnicas para abordagens futuras.

ele pode te bater. mas agora você sabe usar um canivete. só se defende quem é atacado, e então você não ataca. nunca. dá a entender que ele não precisa defender-se de você. e na hora certa a lâmina dura entra na carne macia. o lugar certo, a virilha. você sabe girar o canivete.

o silêncio que era só seu agora também é dele. o que vem aos poucos fortalece. o que vem de repente... pode acabar derrubando, não?

ouvindo: let down - christopher o'riley