terça-feira, 18 de dezembro de 2012

ártemis

há exatamente um ano atrás eu postei sobre a descoberta da solitude. este ano eu assumi o gosto por essa condição.

sabe, eu não canto, não danço, não faço porra nenhuma em cima de um palco. hoje eu tento passar desapercebido, minhas roupas são neutras e tenho um cabelo longo onde posso me esconder um pouquinho. é gostoso rir e sorrir sozinha, lendo um livro bom ou vendo youtubes de cães e de crianças. ou cães crianças. ou cães com criancinhas.

esse ano não teve rastros de afrodite, feminilidade é pra atrair homens, esse é meu conceito. e esse é um jogo que não ando com disposição para jogar. dei um basta em koré, aquela pirralha maldita, seja ela perséfone crescida, rainha do inferno ou o que for. não me interessa ser rainha.

ártemis faz meus olhos brilharem. ano que vem é tempo de lapidar meu sonho de ser uma guerreira autossuficiente com uma matilha de cães e um rebento sem pai. saco, só em sonho mesmo, eu não consigo cuidar de tudo isso sozinha. desesperozinho maldito. eu tenho que tentar!

ouvindo: let down - radiohead

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

saco preto

mês natalino de paz e amor é na casa do chapéu.

dezembro é na verdade o mês de reflexão, a revisão do ano inteiro, a limpeza racional de tudo o que carregamos sem mais bons motivos. e tem viu, mexe um pouco aí que aflora. é hora de colocar no saco preto os amigos, você sabe quais. não há mágoas ou vingança, então não há motivo para mandar o saco pro lixo. leve para a casa andré luiz, simplesmente. alguém vai aproveitar bem o que tem lá e pronto.

vamos colocar em um saco tudo o que desperdiça nosso espaço físico, nosso tempo, nossa preocupação, a nossa energia. boa época para cutucarmos a solidez de nossos valores, alguns antigos valores familiares têm o preço maior no brechó do que em casa.

a hora de começar a entediante arrumação é agora. dá trabalho essa porra mas, depois que começa, a vontade brota do nosso âmago e tudo fica melhor do que antes. o que realmente importa vai ficar, e é mais fácil de enxergar. estamos então mais leves para andar pra frente.

agora sim, pode vir 2013 pô.

ouvindo: album the bends - radiohead

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

kryptonita

"como tinha mulher e filhos e rotina, estava muito satisfeito assim"

eu provavelmente não deveria pensar assim mas, acho que ter marido, filhos, cães e rotina é uma questão de merecimento. o meu cagaço não me permite sequer cuidar de mim mesma em um apartamento ovo administrável. ainda sou a filha. tenho 29 e ainda não consigo andar em direção à minha própria família. lastimável.

não gosto de pensar nessas coisas com a ajuda dos outros. essa merda é uma kriptonita pra mim. penso quietinha que já é perturbador o suficiente.

tem a linha que sugere lutar loucamente por seus sonhos e objetivos. tem outras linhas modernas que insistem em afirmar que o ser humano é desprendido, que o amor é livre e sem amarras, e por mais que eu tente, não consigo compreender essas porras de modernidade. gente vazia do cacete. é legal ser livre? pra que, pra poder trocar de marido quando vier um enfado? eu quero envelhecer com alguém que eu conheço.

quero ver meus filhos criancinhas, adolescentes, jovens adultos. sei lá, ensinar a eles que um cão vive bem menos que nós mas que vale a pena tê-los no nosso cotidiano. que a morte só existe se houver vida também. e isso também vale para os avós.

estou cansada. lutar loucamente por um sonho que inclui outra pessoa é complicado demais. é correr no escuro, trabalhar com incertezas.

enterra essa bosta de kryptonita pra não ver.

ouvindo: warning sign - coldplay