domingo, 27 de dezembro de 2015

amarga

dont meet me in montauk. 2006. dont meet me in montauk. 2009. dont meet me in montauk. 2015. não existe pessoa mais amarga do que eu.

a experiência deveria ajudar a superar o sofrimento, todo esse conhecimento de sobrevivência que eu adquiri ao longo da minha vida de jovem adulta. mas pensando bem, toda essa bagagem só serve pra me tornar ainda mais amarga. a cada dia que passa. a cada ano que passa. a cada golpe que levo. a cada pessoa que desiste de mim.

eu já aprendi que existem companhias inanimadas e desprovidas de vida como livros, por exemplo. é um tanto insuportável numa hora dessas olhar e enxergar vida acontecendo perto de você. gente casando, gente tendo filho, cachorros correndo, calor humano e trocas justas, entre pessoas que souberam como fazer isso de forma saudável.

culpa. é despejar bile por cima desse prato de jiló. eu reconheço, tenho problemas. tem gente que recebe amor incondicional e tem um monte de problemas. hoje eu vejo aqueles videos de cachorros correndo quase que na velocidade dos carros que os abandonam e entendo que isso é sim uma coisa cruel. eu não entendia e não sofria, hoje eu assisto algo assim e choro, tenho dor de barriga.

o que eu preciso aprender e não estou conseguindo? o que eu estou pagando? onde eu errei tanto assim?

não quero mais passar por isso. não vou mais correr o risco de passar por isso. acho que, afinal de contas, algumas pessoas problemáticas devem trabalhar bastante para valer a vida, mas seguir sozinhas.

ouvindo: yann tiersen - album rue des cascades

sexta-feira, 15 de maio de 2015

mesmo

do jeito que ela é feia, ruim e estúpida, devia ficar contente por existir alguém que goste dela apesar disso tudo.

ah sei, o mesmo problema de outrora?

é bom ela conseguir bastante dinheiro pra conseguir compensar tudo isso. e é bom que ela esteja disposta a fuder a hora que ele quiser, senão ele vai acabar indo embora.

ela não tem do que reclamar. tem é muita sorte, isso sim.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

2009

ah não, eu sou burra sim. ninguém falou, mas em 2009 ninguém tinha falado também, certo?

há muitas maneiras de te empurraram para baixo sem colocarem a mão em você.

domingo, 12 de abril de 2015

gentilmente

eu olho pra 2010 e penso que a vida gentilmente te dá novas oportunidades para aprender o que não conseguiu antes. é sim uma gentileza do universo. é um saco, mas é o que é.

foda é agir do mesmo jeito que antes. é o cúmulo da burrice. eu posso ser folgada, mas não sou burra.

quando as coisas começam a ficar claras na cabeça, então nesse momento podemos e devemos pegar papel, caneta, e colocar a máquina pra funcionar.

ouvindo: pearl harbor soundtrack

sexta-feira, 10 de abril de 2015

bicho

chega uma hora que vão encurralando o rei, a rainha, o bispo, os cavalos, a turma toda. e sinceramente, a vontade que dá é de soltar mata logo esse povo todo que eu quero começar outro jogo que preste.

porra.

ah eu tenho coragem. eu tenho muita coragem pra mudar as coisas completamente. não tente cutucar alguém que está encurralado, vai ver o cara se transformar num bicho dez vezes maior, com uma força cinquenta vezes maior, com 60% menos dó.

pra você pode ser besteira. não pro bicho.

ouvindo: yiruma

vilões

não é uma má ideia morar numa ilha deserta sozinha. quem não tem a capacidade de desenvolver inteligência emocional e social deve viver sozinho mesmo, deve pagar o preço disso.

os vilões são sempre feios, problemáticos, ruins, e claro, sempre vão se fuder no final. a disney está gerando uma cambada de imbecis acéfalos há algum tempo, e nós podemos sentir as consequências disso já.

estão ensinando de forma equivocada o que significa amor. o amor não é beleza, meiguice, chamego, nada disso. não é lamber o outro e dizer que bonitinho. amor é enxergar a pessoa debaixo da feiura, das distorções de personalidade, da camada de merda. é reconhecer e admirar aquele ser cheio de arestas.

eu reconheço que sou o monstro frio recoberto por uma camada de merda marrom (tipo uma paleta mexicana barata), e que se foda.

a vida tá uma bosta mas eu não vou me matar mesmo, uma hora as coisas melhoram.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

ruim

eu espero que a raiva me provoque um câncer, e então eu morro antes de chegar aos 40. a raiva é como feder carne podre, por mais que as pessoas gostem de você, vão acabar se afastando com o tempo. eu poderia arranjar um cachorro, e até gostaria, se fosse adotado e resgatado. ele ficaria do meu lado mesmo com o cheiro ruim. mas e aí que vida eu iria oferecer a ele? não quero isso para um cachorro.

a vida é insuportável. eu não sei como é o pós-vida, não sei se existe limbo e também não sei que critério eles usam pra separar as pessoas entre o céu e o inferno. não conheço a legislação dessas coisas, é muito vago e complicado, cheio de morais e achismos.

acabar com a vida poderia ser apenas como sair de um lugar, arrumar a mesa, os lençóis, desligar as coisas da tomada e apagar a luz. e pronto.

a morte gera a vida, um ciclo acaba e outro começa novinho, ingênuo, puro.

o peso de algo sem conserto é quase engraçado de tão ruim.

ouvindo: coldplay

segunda-feira, 30 de março de 2015

quanto

quanto mais eu corro, mais estou atrasada. quanto mais eu me estendo, menos tempo tenho. quanto mais eu me preocupo, mais me canso. quanto mais eu me canso, mais eu como. quanto mais eu engordo, mais me canso. quanto mais eu me canso, mais me preocupo. quanto mais eu me canso, mais eu me canso. quanto mais eu trabalho, mais eu trabalho. quanto mais eu me responsabilizo, mais eu me canso. quanto mais eu me canso, mais os outros se cansam. quanto mais os outros se cansam, mais eu trabalho.

quanto mais eu me fodo, mais eu me fodo.

ouvindo: ventilador

quarta-feira, 25 de março de 2015

culpa

eu pensava que a maior bênção que poderíamos ter era a saúde. órgãos funcionando normalmente, neurotransmissores ok, nenhuma dor, nenhum incômodo. eu estava errada, a maior bênção que podemos ter é a sensação de paz. antes eu confundia paz com comodismo, a imagem que eu tinha da paz era alguém sentado numa poltrona a maior parte do tempo (influência do rappa, será?).

o álcool é uma droga lícita, socialmente aceita, aparentemente inofensiva e o limiar do normal-problema é muito vago. o álcool faz mais estrago que a cocaína, porque nessa de fazer estrago silenciosamente, acaba com muita gente. funciona mais ou menos assim com a culpa. culturalmente, consideramos a culpa algo saudável e honrável, não sabemos direito os limites entre normal-problema, então vamos seguindo assim.

a culpa não mata, mas leva ao suicídio. a culpa não engorda, mas te faz comer loucamente. a culpa não briga com as pessoas próximas, mas te faz brigar. a culpa ri silenciosamente e vai ensinando os cidadãos a morrerem de dentro pra fora, gerando uma legião de zumbis apáticos que "mordem" filhos, amigos, colegas de trabalho e todos os que convivem com eles.

a culpa não cega, mas faz você sentir dificuldades para enxergar direito. se isso acontece desde que você é pequenininho, a imagem que forma do mundo é míope, essa imagem gruda na sua cabeça e essa passa a ser a sua verdade. poderia ser bem melhor, mas sabe como é, a plasticidade se limita com a idade. é embaçado.

há desespero na culpa. e há atitudes extremas no desespero. o caos nem sempre é produtivo (conclusão recente também). eu tenho vontade de chamar a culpa em um canto e conversar, entender, ouvir. eu quero encontrar a paz para a culpa também.

ouvindo: dietro casa - ludovico einaudi

terça-feira, 17 de março de 2015

cruel

eu conheço uma pessoa muito ruim e muito cruel, alguém que eu preciso tomar muito cuidado. e essa pessoa sou eu.

ouvindo: coldplay

quarta-feira, 4 de março de 2015

tolerância

a vida vai continuar me dando oportunidades para desenvolver tolerância? quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece. quanto mais eu me planejo, quanto mais eu calculo, mais gente aparece fazendo a pior das piores escolhas, as escolhas mais improváveis, as escolhas mais burras.

estou fadada a ter filhos com todos os tipos de problemas possíveis. o mundo vai me dar uma doença para me matar bem devagarinho, alguma doença que me imobilize, que me tire o movimento, a fala, tudo. aí eu vou aprender sobre tolerância. na marra.

o mundo vai me dar alguém para dividir a vida. e vai tirar essa pessoa de mim, através das minhas próprias reações coléricas, minha inquietude, meu incômodo. e então eu vou sentir a culpa bater. vou ajudar a culpa a me bater e vou me bater até começar a rir. ahaha! é sangue! sangue é vida! e mais raiva, mais porrada, mais raiva, mais risada.

eu sou uma panela de pressão. e nem sei fazer carne de panela.

eu rio mesmo, pra dentro, principalmente.

tem gente que chora, chora pra tudo. eu rio. de raiva.

ouvindo: big girls cry - sia (irônico?)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

tanto

eu queria tanto ser alguém melhor. queria tanto ser perfeita. eu sei tanto que isso não existe. me dá tanta raiva. é tanta frustração consciente. eu me odeio tanto por isso. eu sei que é inútil me odiar tanto assim. perco tanto tempo com essas metas inatingíveis. ah eu sou tão burra. não era pra ser tão complicado, mas se eu fosse mais esperta, iria entender isso melhor. eu quero tanto meter o fodase. eu admiro tanto quem mete o fodase. é tão leve e tão divertido. eu preciso tanto assistir uma comédia trágica. tem que ser trágica. eu gostava tanto de quando eu era sarcástica. era tão bom estar pouco me fudendo. essas pessoas nem se esforçam tanto e são tão legais. é tão imbecil se esforçar tanto pra ser perfeito quando isso só traz grandes bostas na vida da gente. e eu quero tanto ser legal. eu penso tanto sobre isso. eu queria tanto encontrar um jeito que funcione.

ouvindo: ventilador.