segunda-feira, 31 de outubro de 2011

vazio

'deixe ir embora tudo aquilo que não está funcionando. você não precisa resistir a tal realidade porque é necessário criar um vazio para que a vida possa preencher com boas novidades. crie um espaço'.

é a frase que anoto na primeira página da minha agenda faz uns oito anos. anoto por que? é algo que faço naturalmente ou... é algo que preciso ler toda hora pra ter coragem de fazer? a segunda opção, certamente.

estou postergando um vazio que está por vir. um vazio que conheci duas vezes mas que desta vez tá foda pra caralho da porra. tá foda, meu amigo. robin norwood, steven carter, julia sokol, judith viorst, melody beattie, greg behrendt, liz tuccillo, daniela kim, todos esses diriam que eu estou obcecada e com a visão turva. talvez eu esteja mesmo.

meu professor diria 'este desenho não fica melhor que isso. pega uma folha em branco e faz de novo'. eu pesquisei, estudei tanto sobre apego e desapego. o tóxico apego da porra. e eu não sei nem consigo colocar essa merda em prática. não sei o que é pior. estar triste ou a decepção com a minha falta de força.

pula logo da ponte, sua imbecil. manda ver.

eu sou o tipo de pessoa que precisa criar um vazio para que a vida re-preencha. não sou que nem aparelho de baygon, que você só tira uma pastilha quando enfia a outra.

é tudo tão redondo e profundo. e brilha. não sei se é a luz no fim do túnel ou o reflexo da água no fundo do poço.

ouvindo: fix you - coldplay

terça-feira, 25 de outubro de 2011

intimidade

'quero estar ligada a alguém que respeito, admiro e amo, alguém que sinta a mesma coisa em relação a mim. isso ou nada. compreendi que aquilo que você está procurando não é a mesma coisa que eu procuro. você não quer o que eu quero.

o que você pensa que eu quero?

exatamente o que você tem."

como eu gostaria de ler um livro na versão de leslie. richard bach é tão melhor com leslie. e leslie parish é tão melhor com richard.

'já notou que nossa amizade é completamente... desprovida de ação? nunca tive antes uma amiga como você. não somos horrivelmente cerebrais, não falamos demais?'

falar demais... falar demais. isso é mesmo um problema? pois eu não vejo outro meio de atingir a... intimidade.

'o oposto da solidão, richard, não é a vida em comum. é a intimidade.'

ouvindo: divenire - ludovico einaudi (relembrando a época do: a ponte para o sempre).

terça-feira, 18 de outubro de 2011

amor pragma

eu já fui assim. acho que todas nós fomos, por questão de autodefesa. algumas de nós ainda são...

é nítido o meu desgosto ao olhar para aquela prateleira da fnac, a prateleira dos livros sobre relacionamentos amorosos. egoísmo é uma palavra que nunca me viria à cabeça tempos atrás, mas hoje faz todo sentido. manual do que buscar para te completar e fazer feliz. listas do que exigir, o que analisar. eu quero tudo, eu quero receber tudo e quero agora. mesmo quando dou estou pensando exatamente no que quero receber em troca. chega. chega. não é possível que isso seja amor.

existe sim um termo para isso: amor pragma. o amor prático, cheio de pré-requisitos e interesseiro.

é chegada a hora de pensar sobre o que estamos dispostos a oferecer de graça a alguém que assumidamente gostamos, simplesmente porque gostamos e queremos bem. e pronto. (alguns fazem isso com cães também).

olha que legal, existe também um termo para isso... amor philia. segue a adorável definição de aristóteles...

'querendo para alguém o que se pensa de bom, e por sua causa e não pelas nossas próprias, e assim estar inclinado, tão tempo quanto puder, fazer tais coisas por ele'.

ouvindo: mon seul désir (part of your world) - a pequena sereia

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

quebrar tudo

eu sei, eu acabei de escrever sobre singularidade... mas por dois pequenos momentos de hoje tive vontade de quebrar coisas e bater com a cabeça na parede, devido à asperezas da excentricidade. a cabeça é minha, a parede é minha e a responsabilidade idem.

certa fez o fernando me disse que no japão é possível pagar para entrar numa sala e quebrar tudo. recebemos até um taco de baseball na recepção. já pensou? na quinta feira eu planejei esmigalhar o telefone do consultório assim que eu comprar outro. desisti e retomei esta idéia dezenas de vezes de lá pra cá. ainda não comprei outro.

tenho notado essa energia latente dentro de mim recentemente. a energia da destruição, do estilhaçamento, do esmigalhamento, do esfarelamento... a vontade louca de destroçar, fragmentar, demolir e exterminar.

técnicas implosivas e explosivas não me parecem adequadas para o convívio em sociedade.

'planejar surtar' soa ridículo, e na hora de 'executar o surto' eu sempre acabo desistindo. assim que eu instalar o telefone novo, sei que enrolarei o fio do velho e guardarei tudo direitinho dentro da caixinha.

eu só queria pagar uma graninha e quebrar tudo com o taco de baseball ou com as próprias mãos, uma só vez. sem me julgarem psicopata. sem aparecer no jornal no dia seguinte. sem nenhum familiar querer me arrastar para o médico. sem nenhum homem dizer que eu deixei de ser meiga.

talvez eu precise simplesmente de férias.

ouvindo: tema de cinema paradiso - yo-yo ma

sábado, 15 de outubro de 2011

singularidade

yo-yo ma disse que a pior coisa que você pode fazer é dizer a si mesmo 'quero ser exatamente como fulano'. e continuou 'você precisa absorver o conhecimento de outra pessoa, mas o fundamental é descobrir sua própria voz'.

autenticidade... singularidade... ser uma pessoa única, além de charmoso demais, é um potencial gigante.

cliché é uma placa de metal com um relevo específico e serve para imprimir grandes tiragens da mesma coisa. ok para jornal. ok para informação. mas essa porra não é adequada para fazer tiragem de gente.

todas as pessoas que eu admiro beiram o ridículo. ops, quer dizer... beiram o limite do convencional. estas pessoas possuem características particulares (e estranhas) que me encantam tanto a ponto de todo o resto ser completamente contornável. simplesmente vale a pena.

por outro lado, a mesmice e as ações estereotipadas me enfadam tanto que, mesmo sendo adequado socialmente, minha vontade é de sair correndo. eu saio mesmo.

o maestro koellreutter dizia que estética é o inesperado.

mas devo dizer uma coisa... é toda mesmice que me enfada. mas não é toda singularidade que me agrada. saio correndo de algumas bizarrices também.

ouvindo: peer pressure - jon brion

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

borboletas e drosófilas

eugênio me contou que as borboletas vivem um mês... "mais lembram delicados pássaros, ou quem sabe, pinceladas de tinta no próprio ar". que descrição mais carinhosa, não?

um mês... isso me lembrou os homens-drosófilas, termo que existe porque eu inventei... drosófilas vivem um mês também... homens-drosófilas são aqueles homens que não têm capacidade de durar mais de um mês... na minha vida. admito, para mim este é um inseto insignificante, sem graça e talvez até inútil... sim, essa expressão foi criada com muito sarcasmo mesmo. intencionalmente.

a borboleta dura pouco tempo também, mas é bonita e apreciável. da mesma forma que eles ficaram um mês aqui, eu fiquei lá um mês. o que fui eu? uma mulher-drosófila? ou uma mulher-borboleta? isso realmente não importa muito mas merece um post porque foi um insight muito interessante. o mais interessante foi algo que eu lembrei sobre a palavra butterfly...

na indonésia existe um termo... kupu-kupu malam... traduzindo ao pé da letra temos 'borboleta noturna'. e o real significado dessa gíria (ou sei lá como chamar) é: prostituta. bom, lembrei disso e liguei uma coisa à outra... e não sei direito como dar um nó.

enfim, estou apenas divagando sobre borboletas. e drosófilas.

ouvindo: nada

domingo, 9 de outubro de 2011

a fera

ok, eu não estou bem.

me sinto cada vez mais dura e mais sensível. sinto que a minha casca está ficando cada vez mais grossa e o meu interior, cada vez mais mole. as pessoas estão começando a achar que eu pareço um monstro ríspido. por dentro estou chorando.

eu sempre digo que estou me isolando porque não suporto os outros. eu estou admitindo que estou me isolando porque não suporto a idéia de os outros não me suportarem.

não quero perder as pessoas que gosto. é até incrível eu dizer que gosto de alguém.

a forma mais segura de a fera não arranhar os amigos é trancá-la naquele castelo ouvindo yo-yo ma e u2.

as pessoas morrem e isso me deixa sem ar. os cães morrem e sim, isso dói.

a gola da minha camiseta está toda molhada.

ouvindo: the swan - yo yo ma