sexta-feira, 30 de setembro de 2011

desconfortável

o meu copo está sempre cheio. e tudo o que pinga é a gota d'água. a bolachinha do meu copo está encharcada.

solitude deixou de ser escolha e passou a ser necessidade. quando eu tiver meus quarenta e poucos anos vou poder falar que 2011 foi o ano em que me senti desconfortável todos os dias, de alguma forma.

foi a época em que eu aprendi o que é não conseguir dormir por preocupação e o que é não conseguir acordar por desmotivação, tomei café com a finalidade de ficar zureta, saí no sábado à noite para conseguir respirar, não suportei a presença de nenhum amigo, admiti verbalmente que estou cansada, li muitos livros loucamente, dei um nó nas informações da minha cabeça, descobri que tenho potencial para ser muito melhor do que isso.

eis o ano em que tudo me incomodou. continua incomodando. mas está sendo o melhor ano que já vivi.

"i've never been so alone and i've... never been so alive." (motorcycle driveby - 3rd eye blind)

ouvindo: nuvole bianche - ludovico einaudi

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

voorpret

fico imaginando a minha casa com paredes inteiras de estantes (e livros, muitos livros, muitos cds e dvds), luz alaranjada de sol entrando pela janela, caixas de som potentes com algo de violoncelo ou piano saindo delas, longas conversas com um homem interessante... no maior estilo richard-leslie.

'voorpret' means.... anticipatory pleasure. the sense of enjoyment we feel before an event actually takes places. é em holandês essa porra.

eu aprecio antecipadamente o dia em que eu encontrar um sujeito de sótão e não de porão (coisa de iyanla vanzant).

nada mais justo, para a mulher de sótão que sou... certo?

ouvindo: unstoppable - e.s. posthumus

sábado, 24 de setembro de 2011

raízes e asas

recuso prontamente a idéia de ser só sentimental, vou usando racionalidades e informações lógicas. não é exatamente autodefesa instantânea. é que eu acho que sou muito mais interessante assim... e o mais importante... gosto mais de mim assim.

quanto à raízes e asas... eu escolho os dois. demorou para eu ter uma epifania, mas quando me dei conta de que posso sim ter ambos (ao invés de um ou outro), consegui o início de uma paz inexplicável.

não tenho mais medo de voar porque eu tenho uma parte bem fixa no chão. não tenho mais medo de me enfincar no chão porque também tenho asas. sou gigante, flexível, maleável e agora anda bem difícil me quebrar no meio.

quem consegue me acompanhar? quase ninguém, a maioria das pessoas que conheço pendem a somente um desses extremos. então me acompanham apenas temporariamente.

note que pertenço a todo lugar e ao mesmo tempo, a lugar nenhum. ando vagando sozinha e não nego, isso me incomoda um pouco. mas me incomoda mais ainda permanecer acompanhada em lugares fixos dos quais não pertenço totalmente. quem quiser me acompanhar terá que ter asas e raízes... também.

"é apenas uma casa. o lar somos nós." (richard dizendo à leslie).

ouvindo: creep - radiohead

terça-feira, 20 de setembro de 2011

o medo e a sinceridade

sinceridade significa exprimir seu pensamento e sentimento. então só funciona se houver uma comunicação eficaz, sem comunicação começa a virar ocultagem, que tá lá quase beirando a enganação.

e quanto ao medo? sim, o que tem a ver o medo a sinceridade? muito, cacete.

acontece de subirmos no muro e ocultar dizer o 'não' com medo de perder algo que nem mesmo nos pertence. dê um fora, por exemplo. deixe-o ir, deixe de ser egoísta. e se você realmente gostar de alguém, diga isso também. não acho que uma coisa dessas deva ser condicional (só gosto se você gostar). deixe de ser egoísta, de novo.

o medo tem muito a ver com decepção, mágoa e ofensas. tudo coisas que você adquire apenas se deixar. cada um tem seus motivos, sua história e talvez seus traumas. não espere que alguém aja somente do modo que te agrada. deixe de ser egoísta novamente.

ser sincero consequentemente significa ser responsável pelo que queremos e escolhemos (e assumir tudo isso). admiro quem consegue ser assim. estou me esforçando para ser assim.

(voltei a ler livros. recaída. fiquei limpa por... apenas uma semana).

ouvindo: she's like the wind - patrick swayze

estresse

'o estresse não deriva do tamanho do problema, mas da desproporção entre o tamanho do problema e a capacidade de enfrentá-lo.

quando o tamanho do problema é muito maior do que a capacidade, o indivíduo vai se estressar. quando acontece o oposto, a capacidade é maior do que o problema, ele vai se entediar. se o indivíduo só consegue trabalhar em uma relação quadrada, ou seja, só aceita enfrentar problemas equivalentes à sua capacidade, ele acabará se acomodando. e a quarta possibilidade é ter um problema maior do que a capacidade, mas não tão grande que não possa permitir o desenvolvimento da capacidade para vencê-lo.

o desafio não é fazer aquilo que sempre fizemos, é fazer algo novo."

ah, eu tinha que escrever tudo, o mussak foi tão claro e objetivo! esse cara é demais, não? e o livro é bom, chama 'motivação: do querer ao fazer'.

ouvindo: mary's prayer - danny george wilson

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

sentir

parei de pensar e comecei a sentir...

como será que é gostar de uma pessoa exatamente como ela é?

eu nunca consegui fazer isso até hoje. mas estou apreciando aprender. não vou ficar colocando referências, raciocínios, técnicas. não dessa vez...

faz uns dias que não consigo pegar num livro. faz uns dias que ando buscando respostas no lugar onde eu devia ter procurado antes: dentro de mim.

estou gostando das respostas :)

ouvindo: calling all angels - lenny kravitz

domingo, 11 de setembro de 2011

instável

eu talvez seja apenas uma menina instável. mais instável ainda do que aqueles homens que arranjam três mulheres por mês e almoçam todo domingo com suas mães.

talvez eu aparente uma coisa bizarra e sem sentido, que pinta o cabelo a cada 15 dias e dá a bunda e recusa a bunda sem usar critério algum.

ou, pior... que, na prática, usa algum critério emocional instável e barato. mesmo com apostilas racionais à mão.

é possível que meu próximo passo seja arranjar algum joel ou leslie para incorporar um pouco de alicerce? incorporar estabilidade alheia pode ser mesmo uma coisa válida.

é foda, às vezes eu como e não sei se é porque estou com fome, porque é gostoso, porque estou com gula, ou simplesmente porque confundo com frio ou cansaço. quero dizer... eu acho que é exatamente esse tipo de situação que eu encontro com meus homens.

não é algo agradável de se enxergar. mas uma coisa é certa: joel gosta da clementine.

ouvindo: stay - u2

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

aniversário

um ano faz tanta diferença. o coração está mais endurecido, o diálogo está mais seco, as emoções estão mais refinadas e aparentemente frias... o linguajar está mais assertivo, a postura mais ereta, a paciência mais desenvolvida, os pontos fracos mais inabaláveis...

os gostos estão diferentes, as escolhas modificadas, as metas revisadas...

os homens são outros, as amigas as mesmas.

minhas roupas mudaram. minhas feições mudaram. eu mudei.

isso é aniversário de vinte e oito anos. criança, broto, jovem, ninfa, tia, o que for. várias definições, várias interações, vários pontos de vista. é o que dá cor à vida.

viver é correr o risco. é andar numa estrada escura com faróis que iluminam somente quatro metros à frente. em um ano eu aprendi a gostar dessa condição, também.

"old at heart. but I'm only 28... and i'm much too young to let love break my heart"

"you don't talk so loud, and you don't walk so proud... anymore. and what for?"

de repente, estranged nunca me pareceu tão apropriado!!

ouvindo: estranged - guns'n roses

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

jovem e simples

eu vejo um desenhista fodão em ação. seus traços são simples. poucos esboços e ele sabe exatamente o que está fazendo...

'leva-se muito tempo para ser jovem', disse pablo picasso. leva-se muito tempo para ser simples também. picasso, antes de ser simples, foi bastante complexo... (adoro ler mussak!).

penso que ser jovem e simples só é algo possível na inocência de uma criança crua ou na maturidade de um adulto lapidado. em qual ponta eu estou? em qual desses extremos eu estava quando recebi aquele elogio? quatro segundos depois de ouvir aquela frase e eu já havia concluído que não valia a pena esclarecer esta dúvida.

enxergar uma criança ou um adulto depende do ponto de vista do observador.

já está na hora de eu acabar com algumas falácias e atentar que não é todo adulto que vai me ver criança, não é toda criança que vai me ver adulta.

eu sou uma mulher adulta e quero um homem adulto que me enxergue como tal.

ouvindo: only you - yiruma