quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

redondice

aquele mundo era redondinho. ah arestas incomodam, não? mas sim, que ótimo, tudo redondinho.

ela tinha aquelas formas arredondadas e aconchegantes, bochechas fartas e rosadas, olhos mais do que amendoados, perfume doce e fala suave. vestido rodado pra combinar com toda aquele conjunto bem formulado de redondice.

pegar naquilo era confortável. tinha, porém, um retrogosto incômodo, um vazio chatinho e gritante. mas que diabos, que bosta?

era aquela porcaria de redondo previsível que estava começando a cultivar algum enjoozinho. eu estou rezando por uma aresta, estou procurando sarnas de arestas para me coçar. diacho.

logo ao lado tinha aquela outra. não toda torta, não é assim também né. mas ela tinha um olhar cortante como um cutelo reto. opa... reto. era um olhar seco, direto e reto. aquela necessidade do aconchegante esvaiu. prefiro desenjoar. prefiro lidar com esses ângulos, essas arestas. essa coisa interessante e complicada... interessante, enfim.

ouvindo: album afasia - dead fish