sábado, 9 de março de 2013

geração

a minha geração está na beira da piscina fazendo um churrasco. naquele sítio alugado, eles juntaram uns vinte, trinta negos e fizeram caravana. eles usam bermudas pretas e elas estão com pouca roupa. não são pessoas magras, sabe como é. mas têm a pele firme, a barriguinha é saliente e pula um pouco por cima do biquíni. nada de mais. oras, o importante é que está tocando ian van dahl.

eu não sei qual é o assunto. já fui em tantas dessas e não me lembro do que eles falavam. devia ser algo nostálgico do tempo do colegial, as baladas japas, o clube sírio, a mansão calipso, eu sei lá o que mais.

sabe, eu não sou daqui. eu componho o cenário apenas, um personagem secundário e volumoso. e irrelevante. quase uma voyeur. graças a deus tenho cigarros; troço sociável quando uso para tal finalidade, troço isolante quando me afasto uns oito metros daquele povo todo. graças a deus temos vodca, pois cigarro é um troço sociável mas não faz milagres comigo. só mesmo vodca.

claro que temos que ser sociáveis, viemos todos de carona uns com os outros e estamos dormindo todos no chão da sala. enquanto o sol mostra as caras toda interação é penosa, nessa época já era mais fácil fazer amizade com os livros.

o tempo passa e é bem mais agradável tomar vento no rosto quando estamos nós mesmos com as mãos no volante. estou sozinha no carro, a avenida paulista parece um tapete. daquela época sobrou ian van dahl, lasgo e etc. daquela época sobrou tomar vento fresco noturno.

mais tempo passa e o que restou foi as mãos no volante. nada de vento noturno, nada de lasgo. nada de vodca ou cigarro. piano é legal, antena um é legal. o som do carro é limpo, instalei uma entrada de pen drive pra ouvir uma pegada mais unplugged. eu volto pra casa às dezenove horas e o vento ainda não esfriou.

e a minha geração está lá na beira da piscina. fazendo um churrasco.

ouvindo: castles in the sky - lasgo

Nenhum comentário:

Postar um comentário