terça-feira, 7 de maio de 2013

dois mundos

sabe, eu não tenho mais vinte anos. estou beirando os trinta. acho que já sei alguma coisa da vida.

nos últimos dois anos estive aprendendo coisas importantes. tenho a impressão de que a coisa mais importante que aprendi foi o seguinte.

nunca, em hipótese alguma, dependa de outra pessoa para se realizar.

isso significa que você acaba fazendo planos para... comprar um apê sozinha, ter um filho sozinha (claro que, com o cuidado de escolher bons genes), ter um cão sozinha, trabalhar para sustentar-se sozinha, desenvolver paixões solitárias, dar um jeito de passar a maior parte do tempo sozinha.

e também significa que você acaba boicotando todas as chances de ter um relacionamento, acaba abominando casamentos (eles são temporários, sei bem), acaba afrouxando os laços de amizade, criticando as pessoas que sonham em encontrar amor, acaba perdendo a sensibilidade e acaba não conseguindo exercer a maior paixão solitária que é escrever. a maior paixão de todas. gostaria tanto de escrever bem. intensamente.

porque ser realista é um troço tão maçante que vai podando todos os galhos das emoções intensas. eu não quero mais vivenciar emoções intensas, tem razão. mas eu queria escrevê-las. e definitivamente não estou conseguindo. o que era para ser bom está virando um monte de relatórios estatísticos cuidadosos e pessimistas. uma grande porcaria.

estou beirando os trinta. não tenho mais vinte. não me atrevo a apaixonar-me por pessoas nem que me paguem todo o dinheiro do mundo. quero pisar em lugar seguro no meu mundo real e mergulhar em excentricidade, extremos e situações impróprias (bastante impróprias) no meu mundo literário. quero escrever sobre tudo o que não é possível, tudo o que não é correto, tudo o que é abominável mas que combina tão bem com o texto denso.

quem sabe eu ainda consigo obter esses dois mundos.

ouvindo: corbeau - coeur de pirate

Nenhum comentário:

Postar um comentário