quarta-feira, 2 de abril de 2014

minha mesa

quem me dera passar dias lendo, estudando, grifando, anotando. o peso da preocupação parece um tijolo arremessado na nuca e a cara batendo na parede. o desânimo dessa sensação parece uma jaqueta de nylon encharcada e guardada no freezer industrial.

eu queria estudar. não essa coisa de assistir aula. sentar na minha mesa e estudar.

assim como a mãe novata quer deitar e dormir, assim como o gordo quer comer um cookie com fartas gotas de chocolate gigantes.

torço para que não aconteçam pragas da fatalidade, mas penso que se eu fosse pra uma penitenciária levaria uns cinco livros densos que tenho aqui. fico imaginando que teria um maravilhoso tempo ocioso e o preencheria alegremente. a realidade não deve ser assim, claro. deve ser o próprio inferno e as mulheres devem ter vontade de sair de lá o mais rápido possível para viver a vida.

outra fatalidade seria adoecer. viver às custas das refeições do hospital pagas pelo convênio do plano de saúde. já pensou que legal ler sob aquelas ótimas luzes do quarto hospitalar? tudo limpinho, clarinho, lençóis grossos e resistentes, janelas boas... ah eu sei. mas que babaquice, não? ficar doente seria um descaso com a família.

pensei em juntar dinheiro e passar um tempo sabático dentro da minha própria concha. isso seria uma irresponsabilidade com os pacientes.

é um grande enigma. mas vou ser realista e ver o que dá pra fazer. talvez eu me programe melhor e tente juntar toda a concentração do mundo para fazer valer meia hora a uma hora por dia. nem todos os dias... mas já é alguma coisa.

deve haver um jeito bom.

ouvindo: headrush - hannah trigwell

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